segunda-feira, 9 de junho de 2008

A revolução digital no Brasil



A revolução digital ainda é tímida no Brasil e isso tem se mostrado de forma mais evidente nas classes pobres que tem pouco ou nenhum acesso a Internet. Esse é um dos principais motivos que prejudicam a democratização da informação. Levando em consideração que para ela, a Internet, o meio de acesso à informação mais prático, rápido e objetivo atualmente, é uma de suas bases principais.

Segundo dados da última PNAD (Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicílios), aproximadamente 35 milhões de brasileiros têm acesso a Internet, sendo que a população do país ultrapassa os 180 milhões. Número muito inóspito para que haja uma revolução em qualquer sentido. Além disso, desses que têm acesso, a grande maioria de pertence às classes A e B, mostrando que se configura uma elitização da informação, afastando as pessoas de baixa renda a oportunidade de melhorar sua qualidade através de um contato mais veloz com as diversas áreas do conhecimento.

As medidas para combater a exclusão digital que estão sendo tomadas são de caráter anódino, ainda que bem intencionadas, como é o caso CDI - Comitê de Democratização da Informática, que leva computadores doados a comunidades carentes, mas apenas quando há uma organização formal trabalhando com parte burocrática. A distribuição de telecentros, ainda se destina a apenas aos grandes centros de cidades mais industrializadas e desenvolvidas, deixando de lado cidades interioranas e afastadas. Mesmo tendo uma abrangência a nível nacional, ainda sim há a necessidade de divulgação e de educação da maneira correta de se utilizar da ferramenta Internet. Outro problema é se haveria pessoas qualificadas o suficiente para manter essa estrutura, justamente porque não há hoje oportunidades suficientes de qualificação para os profissionais do futuro, por causa da exclusão que ocorre atualmente.

Há meios de comunicação que oferecem acesso à informação de outra forma, como o jornal, no qual menos de 1% da população lê diariamente, por motivos principalmente culturais, e que mesmo existindo há muito tempo, não tem o mesmo grau de aceitação e assimilação imediato como a Internet.

Temos também a televisão, que está em 92% dos domicílios e o rádio em 88%. Mas esses meios têm como postura, em sua maioria, a alienação, promovendo assim, a falta discussão sobre a desigualdade social, sendo eles mesmos beneficiários desse sistema. Então devem se tomar precauções desde já para que a Internet não vire também um desses instrumentos bloqueadores de discernimento sobre o mundo o qual a sociedade vive, e que promova sim a contestação social.

Talvez esteja sendo trilhado o caminho correto, mas a passos lentos. Se ainda continuar a aumentar a diferença entre as classes sociais e enquanto as políticas de inclusão digital não forem abrangentes e efetivas o suficiente, o Brasil convivera com o estigma de que além das populações mais carentes não terem acesso à saúde, segurança, educação de qualidade, direitos de qualquer cidadão, cada vez mais, até a informação será negada a elas, em especial a vinda pela Internet.

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