quinta-feira, 12 de junho de 2008

O calendario e o relógio

Eric Alterman, o repórter de mídia da revista semanal New Yorker, escreveu um atigo sobre o jornalismo impresso e o jornalismo digital.
Chama-se “Out of print” (fora de circulação, ou esgotado), com o sub-título esperto “The death and life of the American newspaper” (a morte e a vida do jornal americano). Pode ser lido em http://www.newyorker.com/reporting/2008/03/31/080331fa_fact_alterman.
Quase 40% das pessoas com menos de 35 anos ouvidas numa pesquisa disseram que esperam usar a internet no futuro para se informar. Só 8% falaram em se informar pelos jornais.
O tempo médio gasto na leitura dos jornais nos Estados Unidos não chega a 15 horas por mês. (Portanto, nem 30 minutos por dia.)

Oito em cada dez americanos entre 18 e 34 anos nem batem os olhos num jornal.

O leitor típico tem 55 anos – e tende a ficar ainda mais velho.
Uma das causas da crise da mídia impressa ,é o advento da internet, que faz parecer o jornal diário um anacronismo, pesado, lento e incapaz de sacar com rapidez as demandas (em mutação) do público.
Quando a internet ainda engatinhava, a direita americana já gastava incontáveis milhões de dólares para convencer o povo de que a imprensa não prestava.
Esse clima de opinião explica em parte ,se originou a erosão da credibilidade da velha mídia americana.
Comparando: naturalmente, um jornal leva pelo menos 24 horas para corrigir no papel uma barbeiragem – quando quer fazê-lo, mas essa é outra história. Só que, se o erro não for copiado na internet, se espalhará mais vagarosamente.
O problema do erro – de boa ou má-fé, não vem ao caso neste instante – é o problema essencial. Com todos os seus defeitos, que não são poucos, nem devem ser minimizados, e a par todos os outros fatores, um jornal sério tende a errar menos do que um site ou um blog que hipoteticamente divulgue o mesmo número de informaçôes em igual período.
Para Alterman, há iniciativas para profissionalizar o jornalismo na internet. Uma delas é a criação de fundos para financiar reportagens feitas por jornalistas tarimbados para este ou aquele site. Vai demorar, aqui um pouco mais, ali um pouco menos, mas os dois modelos jornalísticos tendem a convergir.
Segundo ele, o jornalismo na net está para a modalidade convencional como o relógio para o calendário.
A comparação embute uma pá de significados. E uma conclusão: não podemos dispensar nenhum deles; devemos – os jornalistas e os leitores – é melhorá-los.

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