quarta-feira, 16 de abril de 2008

Prisão de Roberto Cabrini: Flagrante ou "armação"?

Jornalista Roberto Cabrini, da Rede Record, preso ontem com dez papelotes de cocaína.


A notícia é surpreendente, daquelas difíceis de acreditar. Um dos nomes mais respeitados do jornalismo investigativo brasileiro está do outro lado das manchetes, virou notícia. Roberto Cabrini, famoso por grandes reportagens policiais é preso, acusado de tráfico de drogas.

Segundo a polícia, o jornalista foi preso em flagrante, ontem à noite, quando seu carro estava parado em frente a uma padaria no bairro Parque Santo Amaro, zona sul de São Paulo. Policiais encarregados pela investigação de tráfico de drogas na região desconfiaram do veículo do jornalista, fizeram a abordagem e encontraram dez papelotes de cocaína no porta-luvas do carro.

No momento, Cabrini estava acompanhado de uma mulher, cujo nome não foi revelado. Ela prestou depoimento na qualidade de testemunha e liberada em seguida. O repórter da Rede Record foi levado ao 100º Distrito Policial, no bairro Jardim Herculado e transferido na manhã de hoje para o 13º DP, no bairro Casa Verde, Zona Norte. Ainda segundo a Polícia Civil não há previsão para a soltura do jornalista.


Jornalista alega "armação"

Em bilhete enviado à imprensa, por meio do também jornalista e amigo pessoal de Cabrini, Carlos Cavalcante, o repórter alega que é "vítima de armação".

Na carta, escrita à mão, Roberto Cabrini diz: "Estou sendo vítima de uma armação, em virtude de estar investigando assuntos que incomodam a muitas pessoas". O jornalista ainda afirmou que vai proteger suas fontes. "Apesar de tudo, comunico que sempre protegi e protegerei minhas fontes, afinal, considero o respeito entre fonte e jornalista um dos princípios mais sagrados da minha profissão".

O jornalista alega que estava investigando um caso antigo. Uma entrevista feita com o Líder do PCC, Marcos Camacho, o "Marcola", no ano de 2006, por celular. Na época, criou-se muita polêmica em torno da entrevista veiculada pela Rede Bandeirantes, uma vez que Marcola estava preso numa penitenciária de segurança máxima, em Presidente Bernardes, e por conta disso, deveria estar incomunicável. Cabrini diz ainda, que uma fonte lhe procurou para entregar fitas relacionadas com o caso, mas que, em vez disso, houve uma abordagem policial.


E a imprensa?

Resta saber agora, qual será a postura da imprensa, de modo geral, para com o caso. Até a tarde de hoje, os telejornais sequer citaram o fato, limitando a publicação do ocorrido à pequenas notas, sem muito destaque, nos portais online.

Será que, nesse caso, os jornais serão mais cautelosos antes de julgar previamente? Haja vista o interesse em preservar o colega, e/ou uma fonte, no caso a Polícia?

Um comentário:

webjorsuperacao disse...

Realmente é uma chacoalhada nas bases do jornalismo investigativo, uma atividade que beira as fronteiras limítrofes entre a realidade aceitável e o submundo. Quem assistiu Los Angeles, cidade proibida pode ter uma noção do que é lidar em um mundo sombrio como esse.
O que a acompanhante Nadir diz é ainda mais complicado e parece ser difícil de admitir. Ela diz que era amnate dele a três anos, que a ameaçava quando da tentativa de rompimentos, que obrigava seu filho a ir comprar cocaína e ainda mais: mostrou à Folha de S. paulo um vídeo em que Cabrini cheira um pó branco! Se é armação, vai ser difícil desarmar esta bomba! Só com muita investigação, instrumento que Cabrini conhece bem!