sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Hackers, crackers e a internet que conhecemos


Tela do computador de um hacker programando: conceito criado pela midia
<ensaios literários>

Hackers são idolatrados por jovens que acham “o maior barato” ser o que a mídia constrói como o famoso hacker. Em filmes como Duro de Matar 4.0, o hacker é um sujeito que invade sistemas, rouba dados, se beneficia acessando arquivos privados, ou o faz simplesmente para entretenimento.
Como em muitos outros casos, a ficção apropria-se de alguns fatos verídicos, para não fugir muito da realidade, mas põe muita dramatização por motivos evidentemente comerciais.
Assim, vamos conhecer um pouco mais desse mundo onde os hackers levam sua vida e, muitas vezes, ajudam todos aqueles que acessam a internet.

Ser Hacker
As definições para hacker são muitas. A maioria delas define hacker como aquele com aptidão técnica para resolver problemas.
Remontando décadas atrás, quando dos primeiros minicomputadores de tempo compartilhado e dos primeiros experimentos da
ARPAnet, uma cultura compartilhada de programadores experts e gurus de rede deram origem ao termo "hacker". Foram eles que construíram a internet e possibilitaram que o internauta “básico” acesse seu Google, leia seus e-mails e bata papo com os amigos pelo MSN. Eles também são responsáveis pelo sistema operacional Unix que conhecemos hoje. São os hackers que mantém a Usenet e que fazem a World Wide Web funcionar.
Certamente existe, talvez em função do conhecimento popular do significado de hacker, aqueles que se dizem hackers mas que, na verdade, não o são. Em sua maioria, adolescentes, eles se divertem invadindo computadores e fraudando o sistema telefônico.Grande parte deles não consegue ir muito além disso, e se acha o maior por consegui-lo. Os verdadeiros hackers chamam essas pessoas de "crackers", e fazem questão de deixar claro que esses (os crackers) nada tem a ver com os eles. Crackers são preguiçosos, irresponsáveis, e não muito inteligentes. Um evento muito corriqueiro é a atribuição, pela mídia, do termo hacker aos crackers, o que deixa os hackers de verdade muito irritados. Segundo os hackers, a diferença básica entre eles é: hackers constroem, crackers as destroem.

Atitude
Os hackers, diferente do que muitos pensam, resolvem problemas e constroem coisas. Eles acreditam na liberdade e ajuda mútua voluntária.
Competência é uma palavra chave para os hackers, eles idolatram competência, especialmente competência em "hackear". Habilidades não dominadas por todos são especialmente bem vindas, isso oferece um destaque para o hacker.
Aquele que venerar competência terá o maior prazer em desenvolvê-la em si mesmo. O trabalho duro e dedicação se tornarão uma espécie de um intenso jogo, ao invés de trabalho. Isso é considerado vital para se tornar um hacker.
A atitude hacker é vital, mas a atitude não substituirá a competência, e faz-se necessário certo conjunto de habilidades para que alguém possa começar a sonhar em ser um hacker.

Aprender a programar – esta é a habilidade básica de um hacker. Sem esta abilidade ele é um leigo. A linguagem básica que um “aspirante” a hacker tem que saber é o
C . Outro ponto importante é aprender a pensar sobre problemas de programação de um modo geral. Essa é a razão de ser de um hacker. Será um hacker de verdade aquele que alcançar a habilidade de aprender uma nova linguagem em dias. Assim, o hacker deve aprender várias linguagens bem diferentes.
Além de C, deve-se aprender, ainda,
LISP e Perl. Além de serem as linguagens base para se hackear, elas representam abordagens à programação bem diferentes, e todas o educarão em pontos importantes.
O hacker tem de ser auto-didata. Não se ensina a hackear, não é algo que se aprenda em livros e, tampouco, você encontrará algum que se disponha a te ensinar. Caso encontre, (e olha que são bem raros einh) o fato de querer tudo bvem mastigadinho o tornará um hacker sem credibilidade e não contribuirá para seu desenvolvimento. O modo de se aprender é: (a) ler código e (b) escrever código.
O aprendizado da programação é muito similar ao aprendizado da linguagem natural. O melhor modo é ler um pouco dos mestres, aqueles que são reconhecidos e, então, escrever algumas coisas, ler mais um monte, escrever mais um monte, e assim por diante, aprimorando, cada vez mais, a sua “escrita”.
Com o tempo se adquire a capacidade de “escrever do seu jeito”, “com a sua cara”, aperfeiçoando seu trabalho como hacker, e criando sua personalidade neste ambiente.

Unix: A base do saber
Para aprender o oficio, a primeira coisa que se deve fazer é instalar uma versão do Linux ou de um dos
BSD-Unixes em seu PC.
Vale aqui a dica de que não é necessário, para tanto, que se formate o PC. É possível a instalação de mais de um sistema operacional totalmente funcional em um mesmo PC.
O Unix é o sistema operacional da Internet. Para hackear é imprescindível que se entenda o Unix. Assim, instale o programa, aprenda, mexa, rode, procure conhecer todas as opções e recursos oferecidos, acesse a Internet por ele, leia o código e modifique-o (para tanto, se terá ferramentas de programação, incluindo C, Lisp e Perl). A experiência irá te divertir e lhe possibilitará absorver muito conhecimento.

Escrever em
HTML
Esse é outro aprendizado básico para um aprendiz de hacker. Muito do que os hackers constroem é acessado e utilizado por internautas em empresas, escritórios, faculdades e tantos outros, sem que isso seja percebido. O obvio na vida dos não hackers é, na verdade, uma grande contribuição dos hackers.
Escrever em HTML não é apenas mexer em um browser. Longe disso, escrever em HTML é aprender a programar nessa linguagem, a linguagem de markup da Web. Para os que não sabem programar, escrever em HTML criará alguns hábitos mentais que ajudarão. Assim, a primeira coisa a se fazer, falando em HTML, é criar a sua home page, mas, que esta contribua, de fato, para a sociedade e que seja útil para os outros hackers. Uma home page sem conteúdo não contribuirá para a sua reputação e se tornará inútil, como tantas outras páginas nesse universo.

Ser hacker
Antes de tudo, deve haver um motivo maior para se querer ser hacker. A mídia desenha, por muitas vezes, um hacker que utiliza seu conhecimento para o próprio beneficio ou para a diversão com a “desgraça alheia” mas, muito distante disso, o verdadeiro hacker beneficia a sociedade, mesmo que esta desconheça sua contribuição, é voluntário e visa o bem comum e a manutenção da internet e dos sistemas que conhecemos.
Muitos programas e serviços que utilizamos corriqueiramente possuem seus códigos abertos, para que, até os hackers mais amadores possam contribuir na construção e ou manutenção desses serviços, contribuindo com qualidade e otimização deles.
Ser hacker exige dedicação e doação. Se você quer, de fato, ser um hacker e ajudar a sociedade, seja bem vindo, desejamos-lhe muito sucesso, mas se é só porque pareceu muito legal no filme, deixe disso e dedique seu tempo a atividades mais construtivas para sua formação.

Um comentário:

webjorsuperacao disse...

Ernst, realmente vc realizou um trabalho jornalístico embasado em pesquisa à altura.
Justamente por isso, o modelo adotado de reportagem preocupada em informar tem a capacidade de desvendar e desmitificar algumas estratégias que a população de um modo geral acaba engolindo.
Hacker geralmente não é um criminoso, tal como vc reforça, e isso já bastaria para que começassemos a entender esse intrincado universo dos códigos. E nisso vc também deu um pontapé inicial muito bom!
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@_@♫
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