domingo, 30 de março de 2008

O mito da imparcialidade jornalística


“Escrever de forma isenta, sem adjetivos, buscando retratar os fatos da forma mais aproximada da realidade”. Essa bem que poderia ser a frase estampada em local de destaque de qualquer redação que preze pela “imparcialidade”.
A busca pela imparcialidade no jornalismo se assemelha a uma corrida sem linha de chegada em que os participantes insistem em vencer. O jornalista, ser humano que é, não está livre de preconceitos, valores morais e éticos que o levam a ter suas preferências sobre todos os assuntos tratados pelas editorias. No entanto, qualquer resquício de parcialidade que reste sobre seu texto, é tratado como crime pela sociedade e pelos próprios colegas. Uma situação paradoxal que é enfrentada todos os dias pelos profissionais da área. E assim, a imparcialidade virou mito, objetivo de todo jornalista que se preze, mesmo sabendo que ela não pode ser alcançada.
É provável que boa parte dos jornalistas, ao reler uma matéria, deve ter se perguntado porquê ouvir determinada fonte e não a outra ou porque escolher uma frase e não outra. A simples escolha de determinada fonte, em detrimento de outras possíveis, já representa um sinal claro de parcialidade, ainda que inconsciente. É por isso que a profissão de jornalista deve ser acompanhada do maior grau possível de prudência, conhecimento e autocontrole. Isenção e senso crítico são aliados indispensáveis ao jornalista, na busca por cruzar essa linha de chegada que não existe.

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