quarta-feira, 19 de março de 2008

Jornalismo x Publicidade

Propaganda se misturando ao Jornalismo: Uma nova tendência?


É cada vez mais comum ver jornalistas emprestando sua imagem para a publicidade. Seja atuando como garoto-propaganda ou fazendo merchandisign, alguns profissionais têm se aventurado nesse ramo. O "merchan", inclusive, invadiu diversos programas jornalísticos na tv, principalmente os esportivos. Mas será que a profissão de jornalista permite isso? Será que o jornalista, ao emprestar a sua imagem para uma empresa ou um produto, não perde a credibilidade?

Essa polêmica provocou um racha dentro da própria imprensa. Alguns profissionais defendem, e acham que é normal. Outros condenam, argumentando que esse não é o papel do jornalista. Um dos principais defensores do merchandising é o jornalista esportivo Milton Neves.

Já outros profissionais, como Juca Kfouri e Luiz Antonio Magalhães, condenam esta hipótese . Juca chegou, inclusive, a trocar farpas na imprensa com Milton Neves por conta disso, e Magalhães escreveu no site Observatório da Imprensa sobre o caso de Joelmir Beting, que, ao fazer uma propaganda para o Banco Bradesco, foi demitido de "O Estado de São Paulo" e de "O Globo".

O fato é que quando o jornalista opta por entrar no mundo da propaganda, ele está sujeito a questionamentos. Amanhã, a empresa a qual ele emprestou a sua imagem pode se envolver num escândalo, e por mais que ele não tenha nada a ver com isso, suas palavras serão colocadas em xeque. Ora, como ele irá escrever sobre esse caso, se ele próprio apareceu falando bem dessa empresa?
É, portanto, uma situação que deve ser evitada, assim como o merchandising nos programas de TV, sejam eles esportivos ou não. Muitas vezes a notícia é deixada de lado para que os produtos sejam anunciados, e isso é uma falta de respeito com quem está assistindo.

Jornalista tem que, além de informar, fiscalizar, cobrar, mostrar o que está errado e o que está certo. Não pode nunca associar a sua imagem a nada nem ninguém, pois, quando ele faz isso, perde aquilo que ele tem de mais precioso: a credibilidade.

Um comentário:

webjorsuperacao disse...

Capodeferro, Jesus disse certa vez: "Dize-me com quem andas que eu te direi quem és"! Bom, seu texto sugere pensar que, quando se escolhe uma profissão, há que seguir o que ela estabelece.
Ocorre que o mundo midiático é ardiloso e perpassado por interesses e conveniências. Não se estranha que hoje um artista pode estar no auge e amanhã no lixo!
Há muita hipocrisia, porque do jornalista é cobrado tudo e dos empresários apenas o lucro! Se no contrato está dito que há exclusividade, então que seja respeitado. Mas se isso não existe, pode dar um processo judicial.
Um exemplo interessante que serviri a para os jornalistas vem de Pelé, que não fazia anúncio de cigarro ou bebida. Menos mal, e ainda rendeu uns bons trocados.
Quanto ao jornalista, muito deveria ser mudado não só em termos da lei, mas no código de ética, que deveria ser equalizado como dos donos dos meios.
@_@"