quarta-feira, 19 de março de 2008

A Credibilidade dos Blogs e o Jornalístico

A internet pode significar um alargamento das possibilidades de atuação para os profissionais da imprensa

A internet alterou profundamente a forma de fazer jornalismo. A possibilidade de captar, armazenar, compartilhar e distribuir informações, como nos produtos do Google e do Youtube, começa a configurar e constituir um veículo de comunicação novo, que proporciona o acesso a diferentes formatos num mesmo meio (seja texto, vídeo ou áudio).

O surgimento da internet permitiu um nível de interatividade até então desconhecido em outros meios e abriu espaço também para que cada navegante possa ser um emissor de informações. Mas como medir a credibilidade do jornalismo num meio que todos podem ser emissores de informação? Um blog tem a possibilidade de influenciar na produção jornalística?

Nessa questão, não se trata mais de alterar apenas as formas de apresentação das informações e a velocidade de divulgação. A sociedade que se constitui em rede e a Internet provocam mudanças estruturais antes impensáveis, provocando uma verdadeira revolução no processo de organização social, sendo geradoras do que alguns autores chamam de sociedade da informação.
Como relacionado no texto Blogs fazem Jornalismo?, de Marinilda Carvalho, publicado no Observatório da Imprensa, precisa-se primeiramente observar “de que blog estamos falando”.

No Brasil temos blogs de jornalistas famosos como o jornalista esportivo Juca Kfouri, do Marcelo Tas com variedade e entretenimento e do Ricardo Noblat , por exemplo, que possibilita, além do internauta obter informações por meio do rigor jornalístico, acessar textos de outros autores sobre o tema que está sendo tratado ali.

No entanto, a maioria dosprofissionais de comunicação da área se mostra descontente com a possibilidade de cada navegante ser emissor de informação. No livro "A arte de fazer um jornal diário", do próprio Noblat, onde se reflete sobre a crise do jornalismo impresso. e numa perspectiva que foge à mera questão tecnológica, o autor chama a atenção para a importância de, num contexto como este, "fazer jornalismo". Entre outros responsáveis pela crise, inclui os próprios profissionais, incapazes de "surpreender" o leitor.

É o que diz também o jornalista canadense David Akin, comentarista de tecnologia. Para ele a discussão é um tanto quanto entediante, pois para se enfrentar o desafio de fazer jornalismo no atual contexto, um dos caminhos é o de se pensar a organização do chamado jornalismo digital, ou online, ou ainda webjornalismo.

Em seu blog pessoal defende que blogs são apenas um formato, e o jornalismo um processo ou um sistema, e diz também que os jornalistas não estão encarando a questão com honestidade. Tudo se resume a querer o controle do jornalismo: "Claro, blogs podem ser parte do sistema que chamamos jornalismo e, obviamente, nem todos os blogs são parte deste sistema, pois nem todos os blogueiros querem ser jornalistas", diz ele.

Os investimentos neste novo segmento da atividade jornalística têm sido grandes desde a segunda metade da década de 1990. No Brasil, desde a entrada na rede da Agência Estado, do grupo Estado de S. Paulo, e do Jornal do Brasil, em 1995, centenas de sites jornalísticos foram criados.

Independente dos blog possuírem rigor jornalístico nas questões relacionadas a apuração dos fatos a internet estimulou a idéia de fontes de notícia. Mesmo que um blog não tenha objetivo jornalístico, ele pode ser um meio de informação para apurações jornalísticas que mostrem o outro lado do fato. Como é o caso soldado que começou a relatar a Guerra do Iraque em seu blog e passou a servir de fonte de informação para os jornalistas que cobriam o combate.

Entender, afinal, o que é um blog no sentido tradicional, ou seja, páginas na internet de blogueiros solitários – que, é claro, não ficam apenas procurando erro em texto de jornal, mas que estudam políticas, doutrinas, documentos, leis e o próprio discurso da mídia, para analisar e levar a seus leitores - é fundamental para entender como o jornalismo pode se utilizar de informações e para constituir a enfim chamada sociedade do conhecimento. Os blogueiros não fazem jornalismo, é verdade. Mas fazem outro trabalho importante para a articulação do mundo atual: trabalham pela cidadania.

Um comentário:

webjorsuperacao disse...

Aguiar, realmente, se por um lado o jornalismo cidadão é democrático ao extremo, por outro complica a identidade do jornalismo, que vem sendo construída deste a Revolução Francesa!
Ocorre que já está em andamento a criação de comunidades de jornalistas em redes e aí sim teremos concentração de especialistas.
O jornalismo dificilmente vai morrer,mas por certo agoniza e precisa reagir.