O webjornalismo deve ser feito para atender a um publico alvo específico com suas características
Grande parte do conteúdo jornalístico da web, na verdade não é webjornalismo. O que se faz é publicar na web, textos artigos e documentos escritos para a mídia impressa. Isso não é webjornalismo, mas sim, uma versão eletrônica do jornalismo tradicional.
Esta prática é muito usada pelas empresas que possuem uma área de seus sítios destinada à informação – noticia – mas que não criam, não instruem nem orientam suas equipes no sentido de criar o verdadeiro webjornalismo, constituído de todos os recursos que lhe fornece sua tão distinta característica.
O bom webjornalismo pode gerar um considerável retorno à empresa e, certamente, gerará muito mais interesse ao internauta, o que fará com que este visite mais a página. Dentro do conceito capitalista que nos cerca, certamente o verdadeiro webjornalismo criará para a empresa uma ferramenta de promoção barata e eficaz e, além disso, justificará o pequeno investimento para sua criação.
Nem todos os sites de noticias trabalham com o jornalismo da web. Há sites especializados em oferecer aquilo que está no impresso, ou na televisão, como é o caso do site radiobras, que oferece, diariamente, a relação do conteúdo das capas dos principais jornais do país. Isto também é prestação de serviço e é, certamente, uma ferramenta muito importante. No entanto, deve-se observar que este sitio tem este propósito, e nenhum outro, não sendo necessário, assim, que ele publique um conteúdo criado especialmente para a web.
Da mesma forma, os sítios noticiosos que tem como objetivo a instantaneidade da informação, não tem tempo nem disposição para trabalhar o conteúdo para a web, conferindo-lhe características midiaticas.
Como relacionado no artigo JOL: velocidade e qualidade devem andar juntas de Nina Regato, com o desenvolvimento da web e, consequentemente, do webjornalismo, a pressa de alguns sítios para oferecer a noticia primeiro supera a oportunidade de criar um conteúdo mais desenvolvido que ofereça mais opções de navegação, porém, este é o objetivo destes sítios e é o porque deles existirem. Em um segundo momento, caberá a agência selecionar as matérias que tiverem real importância e, ai sim, desenvolver seus conteúdos. Em hipótese alguma, no entanto, o webjornalismo poderá ignorar a atenção na apuração de dados e/ou na estruturação da matéria, em função da instantaneidade.
Surge ai, uma nova problemática: O webjornalismo enquanto noticia atual e ágil e o webjornalismo enquanto noticia com recursos multimidia.
De um lado, temos as grandes agências de jornalismo na web que oferecem as “últimas notícias” e estas, geralmente, não contam com recursos multimidia. Sua real função é informar o internauta sobre o que acontece, no menor tempo possível. Neste nincho, temos a interminável corrida pelo publicar primeiro.
De outro lado, o Estadão oferece, em sua página da web, esta construída com este sentido, um conteúdo com recursos próprios da web, como os famosos TAGS, com a possibilidade de modificar o tamanho da letra do texto, do internauta postar seus comentários, tudo de maneira fácil e prática, fomentando assim a máxima interação do veículo com o internauta.
A página inicial do portal oferece o maior numero de informações, sendo toda ela constituída de conteúdo hiperlinkado, inclusive fotos. Ela oferece todo o tipo de informação e de formatos possíveis. Oferece links para os mais diversos veículos da agência, oferece vídeo, blog, e-mail, radio, podcast, RSS, tags, últimas notícias, enfim, tudo o que se pode quer.
Este seria o ideal de webjornalismo? Será que a constante utilização de TODOS os recursos que a web oferece é o ideal e o futuro do webjornalismo?
Creio que não. Acredito que o Estadão é, de fato, um portal jornalístico que oferece tudo o que se tem de atual, dentro de seu propósito, mas isto não impede que outros sitios ofereçam a oportunidade de o leitor consultar na web, o impresso de sua preferência, sem modificações, como é o caso das revistas da Editora Abril, que podem ser lidas da mesma maneira que na versão impressa (dá até para virar as páginas).
O importante não é seguir a tendência e utilizar todos os recursos que uma mídia oferece. O importante, na minha opinião, é que se utilize o máximo de uma mídia, mas sem esquecer o propósito de seu produto. Se o intuito é se oferecer a revista impressa na web para o leitor, que se crie um site em Flash, mas que se mantenha seu formato, suas características, que não se introduzam conteúdos e links que não interessam a seu público.
Um comentário:
Ernst, seu texto é bastante amplo e, diria, metalinguístico, pois além de analisar o tipo de texto da web, realiza o que poucos fizeram até então, ou seja, a intratextualidade acentuada por George Landaw.
Além disso, sugere vários exemplo e navegação farta: um exemplo de postagem bem elaborada e que contribui com esta proposta.
@_@"
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