Beting protagonizou Campanha do Bradesco em 2003
Ao aceitar participar de uma campanha publicitária do banco Bradesco em 2003, o conceituado jornalista econômico, Joelmir Beting, teve sua coluna diária suspensa pelos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, que consideraram a prática incompatível com o exercício da profissão. O fato levantou uma polêmica entre o meio: é ético utilizar a credibilidade proporcionada pela figura de um jornalista para avalizar propagandas publicitárias?
Em declaração à revista Veja, Beting afirma que se a propaganda, o produto e a empresa são nobres, não há risco de manchar a credibilidade do jornalista. Em seu artigo Posso Falar?, ele lembra que os anúncios é que pagam os salários dos jornalistas. “Se o jornalismo se envergonha da publicidade – que trate de sobreviver sem ela”, provoca. Vários jornalistas se manifestaram, defendendo ou condenando a posição do colega. Segundo Luiz Antônio Magalhães, do Observatório da Imprensa, o jornalista “poderia ter anunciado, ainda com alguma dignidade, que estava se aposentando do ofício de jornalista e passaria a se dedicar ao de palestrante, empresário de comunicação, marqueteiro, comunicólogo ou qualquer outro de sua escolha." Para Leila Cordeiro, que o conheceu pessoalmente, Beting deve ter pesado as conseqüências do seu ‘atrevimento’. “Mais uma vez Joelmir inovou e mostrou que é independente, nem que para isso tenha que enfrentar uma verdadeira execução profissional cheia de preconceitos e patrulhamentos corporativistas", completa.
Contra ou a favor, o episódio permite uma reflexão muito rica sobre os vínculos econômicos entre a isenção da informação e dos interesses das empresas de comunicação. Sabe-se que a isenção jornalística é uma lenda, mas até que ponto a credibilidade do jornalista influencia a opinião pública? É possível separar os papéis sociais, que delimitam o jornalista e o ‘garoto-propaganda’? Mas isso já é pauta para uma outra matéria...
Um comentário:
Ishimaru, realmente essa é uma questão delicada. Postei comentário em texto de seu colega de blog, mostrando a hipocrisia que há nisso. Curioso observar que todos somos formados em Bacharel de Comunicação, algo generalista, indicando integração na área. Ocorre que PP disputa com Jor, que disputa com RP etc, um verdadeiro círculo vicioso.
De quebra, outras áreas vão penetrando a comunicação, como a TI e poucos estão atentando para isso!
Mais curioso: o jornal, a TV, o rádio etc podem ganhar dinheiro com publicidade. E o indivíduo não pode?!
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