domingo, 24 de maio de 2009

Web arte é uma tecnologia pouco compreendida

Arte para poucos

A Web Arte pode ser definida como um canal de experiências visuais, sonoras ou temporais com o visitante. Ao se criar um trabalho de arte para rede, busca-se estabelecer a relação de sensibilidade com o internauta, levando-o a uma experiência insólita, labiríntica, estética, etc, durante a navegação. Dotada de características, como por exemplo, possibilidade de pessoas de qualquer parte do mundo visualizarem uma obra e compartilharem dela, poder de interação e modificação através de mensagens e intervenções, além de som e imagens em tempo real, torna-se uma boa ferramenta de comunicação. Todavia, parece ser uma tecnologia de difícil compreensão e utilização, tornando-se uma ferramenta para poucos.

Segundo,
Christiane Paul curadora de uma instituição tradicional, em entrevista para Revista Trópico muita gente ainda se sente em pânico diante da tecnologia e acha que é necessário ser um “nerd” para entendê-la. Em sua opinião, seria preciso investir muito em um trabalho de base a fim de introduzir esse tipo de arte ao grande público. Isso talvez esteja relacionado ao fato da Web Arte ter como marca a irreverência. Em 1995, o alemão Holger Friese lançou o site Unendlich, fast... (algo traduzido como “infinito, ou quase”). O visitante passava pela seguinte experiência: navegar por um fundo azul, aparentemente sem fim, onde a tela era um “céu virtual”, explorado por barras de rolagem, na horizontal e na vertical. Os usuários, certamente, procuravam alguma informação que justificasse a experiência, mas quando encontrava uma única imagem perdida no meio da página, descobria que era impossível clicar com o mouse sobre ela. O site JODI, uma referência no assunto, também traz experiência semelhante, onde o usuário tem a sensação de entrar em um labirinto. Os textos são incompreensíveis e parecem conter 'fórmulas secretas', ou mensagens em código confundidas com imagens que parecem ter saído de um videogame ou de uma tela de radar. Por tanto se engana quem pensa que a Web Arte é algo parecido com uma exposição de quadros pendurados na parede de um museu. Vai muito além dessa idéia.

Não há dúvidas que vivemos em uma era de mudanças e crescimento digital. Carlos Fajardo Farjado, professor universitário em Estética, História da Arte e Literatura pela Universidade Nacional de San Martín, enxerga o futuro da arte digital como “desaparecimento da era da interpretação e início à era da programação”, e acha que a admiração de uma Web Arte se afirma a partir do momento no qual a exploração do tema da obra se torna compreensível. Percebemos, porém, que esta experiência tem algumas barreiras. Uma delas, na opinião de
Fábio Oliveira Nunes, é que a Web Arte se utiliza de elementos do universo computacional (botões padrão, barras de navegação, mensagens típicas de softwares, etc), e o visitante vai depender de seu conhecimento desse universo, pois no caso dele não entender o que se trata, sua leitura irá correr o sério risco de não ser satisfatória e ele irá ficar somente no nível estético ou de composição estrutural das imagens.

O webmaster
Ricardo Anderáos, gerente de novas mídias do Instituto Cultural Itaú acredita que o “usuário precisa ser alfabetizado visualmente para acompanhar as mudanças na arte e tecnologia e que a maioria não tem capacidade de absorver novos signos e linguagem, logo a produção massiva de Web Arte atingiria apenas a juventude cibernética ou profissional da área”. Podemos perceber então que, a Web Arte pode ser uma excelente forma de comunicação, inclusive para o jornalismo, já que se utiliza de elementos que enriquecem o texto, porém corre o risco de ficar restrita a um pequeno grupo. Isso só o tempo poderá dizer.

Um comentário:

webjorsuperacao disse...

Viviane, muito boa sua abordagem, sobretudo a associação com o jornalismo.
Mais que isso, bem oportuna a lembrança quanto ao risco de haver nicho para poucos!
wpa