quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Vivência

"A vivência com a diferença"


Apaixonado pela cultura em geral o aluno Felipe Brito já havia falado nos trabalhos acadêmicos anteriores sobre sincretismo e musicais. Falar sobre travestis não estava em seus planos, mas também não se poderia considerar um tema descartável. Com o passar dos meses e das experiências jornalísticas relacionadas ao tema muito conhecimento foi adquirido. Muitas vezes o senso de organização lhe faltava, mas logo tinha que ser recobrado, afinal de contas ali estava ele diante de prazos e metas das quais por muitas vezes pensava ele não conseguir cumprir. Se uma pauta e um roteiro bem elaborados e discutidos tinham importância, depois dessa vivência jornalística tornavam-se mais que fundamentais.

Várias reuniões, algumas entrevistas, muitas revisões de texto, inúmeras discussões, algumas até demasiadamente calorosas, temperaram a rotina acadêmica e jornalística do jovem Brito. Mais o que o fez analisar o futuro oficio foi o primeiro contato com as travestis profissionais do sexo por algumas horas por meio de uma entrevista. Ele e sua equipe denominada prisma chegaram por volta das dezoito horas na estação de Suzano. Era uma segunda-feira um pouco fria, já começava anoitecer, eles sabiam mais ou menos o local e se direcionaram até lá. Filmadora na mão, mp3, bloquinhos de anotação, alguns salgadinhos pra matar a fome, depois de mais um dia de trabalho para quase toda aquela equipe, sem contar a insegurança um pouco de medo, ansiedade e muito faro jornalístico. Eram todos principiantes pressionados pelo tempo e por seus conceitos já pré-estabelecidos. Em desistir eles não pensaram, mas Felipe Brito se questionava: porque enfrentar aquela situação sendo que no primeiro semestre poderia ele e sua equipe ter escolhido outro tema menos “hard”. O fato que a escolha já havia sido feita e como bons jornalistas tinham que cumprir com a pauta.

Lá conheceram Gleyci, uma jovem travesti de 18 anos, moradora da cidade de Suzano. Eram tantas as perguntas que Brito e sua equipe em certos momentos até as repetiam; receptiva, Gleyci, facilitava o diálogo ao criar momentos de descontração. Terminada a entrevista; todos inclusive Brito emitiam análises sobre o acontecido com muita leveza. Outras experiências jornalísticas vieram para Brito e equipe até o término do projeto, mas todas na perspectiva de um novo horizonte. Para Brito, ser jornalista não somente é escrever bem, mas também trabalhar com a tentativa contínua de se recriar a cada nova experiência profissional. Brito não só aprendeu a olhar a alteridade, mas também entendê-la mesmo que a ele causasse a maior estranheza. Para realização do T.C.C, Brito tem várias idéias e muito mais ferramentas para trabalhar. Uma delas é análise dos próprios conceitos, hoje ele pensa em emitir muito mais pós-conceitos que pré-conceitos como anteriormente. Afinal como um dia falou Margareth Mead: “ A diferença é algo precioso e tem que ser tratado com muito carinho”.

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