quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

As imprevisíveis pautas jornalísticas

Os desafios constantes dentro e fora da redação”

Era uma tarde ensolarada de segunda-feira, mais precisamente no dia 18 de agosto deste ano, quando a estudante de jornalismo e, na época, repórter do jornal Diário de Suzano, Thalita Manfio, inesperadamente é mandada para a seguinte pauta: um incêndio, no bairro Meu Cantinho, em Suzano. Sua função? Cumpri-la.

No caminho, sem a mínima noção do que de fato estava acontecendo e qual era a situação no momento, avistava ao longe uma fumaça escura. Inevitavelmente, o pensamento naquele instante era praticamente um lead. O quê acontecia? Como estava a situação no momento? Onde, exatamente? Por quê? Quando? Entre tantas outras perguntas, o instinto jornalístico falava mais alto. Ela não se importou com a roupa que usava ou com a sandália rasteira, tampouco, com o odor que aquela fumaça deixaria em seus cabelos, afinal, esses detalhes não eram relevantes para o momento.

Ao se aproximar do local, encontrou o seu primeiro obstáculo, onde teve de passar por baixo de uma cerca de arame farpado. Com o auxílio de um dos bombeiros, passou. Ao entrar na área incendiada, em um primeiro momento se assustou devido ao tamanho das chamas, logo em seguida, um dos bombeiros disse: “a situação já está sob controle”, ela pensou consigo: “eu achando que estava tudo perdido, que o fogo iria atingir as casas próximas”, e por aí vai. Vendo aquelas labaredas enormes, uma área de plantação completamente destruída e, principalmente, o trabalho exaustivo dos bombeiros em apagar o quanto antes aquelas chamas, parou para conversar com uma das trabalhadoras do local. Em busca de respostas para seus questionamentos, foi caminhando por toda aquela área já destruída, o calor que esquentava seus pés era apenas mais um detalhe deixado de lado em busca da notícia.

Aos poucos foi colhendo todas as informações necessárias, desde a trabalhadora até o agente da Defesa Civil, quanto mais detalhes obtidos naquele momento, melhor seria o resultado. Permaneceu no local por, aproximadamente, uma hora. Tempo suficiente para que mais uma nova e inesquecível pauta, acontecesse. Passado esse período, hora de voltar à redação. Os pés pretos – que viraram motivos de risadas depois dentro da redação, os cabelos com aquele odor nada agradável, mas, e principalmente, com a sensação de que tudo estava caminhando bem, apesar da tragédia (um incêndio), era hora de escrever, colocar no papel e mostrar ao leitor exatamente o que ocorreu naquele local. De volta à redação, lavou os pés em um chuveiro, as mãos e o rosto na pia, após, sentou-se em sua cadeira e escreveu a matéria. Como habitualmente fazia, pegou seu exemplar do jornal no dia seguinte e, ao ver a manchete, respirou fundo e pensou: “dever cumprido”. Estava ali. O esforço feito no dia anterior estava representado nas páginas daquele jornal no dia 19 de agosto de 2008.


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