quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O líder está cansado


José Arraes é um senhor alto, cabelos cândidos, olhos vagos no horizonte como os de um velho padre ou pastor cheio de falsas esperanças e aparência cansada. No entanto, esse último aspecto engana os desinformados sobre quem é aquele senhor de fala levemente ofegante. O estudante Yuri Andrey foi um desses ignorantes. Ao começar a desenvolver, junto com seu grupo, o tema do seu projeto sobre associações de bairro, o estudante se incomodava com duas questões que posteriormente foram colocadas em pauta: primeiro achava que as associações, assim como Terceiro Setor como um todo, seriam desnecessárias, apesar dele atuar em uma ONG, se o Estado fosse mais atuante junto à comunidade. Segunda questão seria qual a importância de um líder dentro de uma associação. O estudante tinha uma visão anarquista sobre a liderança: o poder corrompe e liderar é uma forma de poder. O estudante, no início do projeto, ouviu falar muito na figura de Arraes. Na hora do almoço, em um sábado cinzento, Yuri junto com seu grupo de projeto pode conhecer pessoalmente o presidente da Associação de Bairro Amigos do Mogilar. Ele não parecia um líder, não falava como um líder e parecia não ter a disposição de um líder. O que fazia de Arraes ser o mais importante e conhecido líder de uma associação em Mogi das Cruzes?
O estudante, depois de algumas verificações, começou obter pistas. O primeiro lugar a pesquisar seria o momento em que Arraes chegou ao Mogilar. Ele sabe que Arraes veio para região do Alto Tietê, onde está Mogi, por causa da transferência do seu emprego de bancário. Veio com a família. Chegaram inicialmente na cidade de Arujá, mas sua esposa não se adaptou bem. Começou então a pesquisar casas em outros municípios da região. Até chegar a Mogi, mais especificamente ao Mogilar. Gostaram do bairro e ficaram. Depois de algum tempo, as enchentes começaram a incomodar os novos moradores e já eram uma realidade no cotidiano dos outros moradores. José Arraes se mobilizou junto a outros residentes do bairro e começaram a reivindicar ao poder público ações que pudessem acabar com o problema ou ao menos amenizá-lo. Começou a se utilizar de diversas mídias como jornais e emissoras de rádios da região para chamar a atenção ao problema pelo qual passavam. Ajudou a colocar uma moradora do bairro no Poder Legislativo de Mogi, fazendo assim com que os resultados pudessem vir com mais agilidade. O estudante pensou: será José Arraes uma espécie de Moises, porém que ao contrário dele não queria encontrar a terra prometida, queria deixá-la melhor?

Com toda essa experiência e essas lições, o estudante ainda acredita que a criação de associações, ONGs e Terceiro Setor como um todo seriam desnecessários se o Estado interviesse mais junto a população. Apesar de ainda também ter somente pistas do que torna um cidadão comum em um líder, ele agora tem a certeza de que a figura do líder Arraes, incentivou e incentiva a vontade de melhorar. Que o caráter do líder provocou mudanças. Yuri vê de outro modo os olhos de um velho padre ou pastor com falsas esperanças, ele os vê como olhos de uma criança que olha para um futuro com mais possibilidades de ser melhor. O estudante percebe agora que ele e seu grupo representavam essas possibilidades para o senhor cansado. O líder está cansado, porém, de muitas batalhas ganhas, mas sabe também que não vai poder lutar para sempre. O sábado cinzento representava a todos ali o começo de muitos dias de sol.

3 comentários:

webjorsuperacao disse...

Yuri, realmente a desconfiança e a inquietude fazem parte da vida do jornalista. isso parece ser um código.
Suas desconfianças jamais cessarão, pois vc já está jornalista, desconfiando de tudo para ter as certezas possíveis.
Continue assim e guarde o que vale a pena.
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@_@
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Aldrey Riechel disse...

Oi Yuri.

Será que essa seria a figura de um líder que é referência? Sabemos que se o Sr. Araes sair do projeto, a Associação simplesmente acaba.

Também conhecemos um outros tipo de liderança... da qual, acredito não ser o que queremos (nem preciso explicar, né?)

Acho que o mundo está precisando de novos lideres que entedam o que significa "Humanidade"! Ou então, só sentiremos falta dos que morreram cedo e aí diremos: "Nossa, ele era um bom líder".

Francisco Castro disse...

Olá, a liderança deve ser exercida por uma pessoa ou grupo de pessoas que servam como um referência para os seus liderados. O verdadeiro líder ajuda os liderados a solucionar os seus problemas, levando ao grupo sempre à vitória.
Infelizmente, o puder público aqui no Brasil e em muitos outros países não atende de forma satisfatória a todas as demandas da sociedade. Então entram as famosas ONGs que ajudam a realocar recursos da sociedades, sejam financeiros ou de outros tipos, dos que têm sobrando para os que nada ou quase nada têm. Isso é feito por meio de doações das mais diferentes formas.

Um grande abraço