quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Desmotivação: a certeza vem com o tempo


Nem sempre fazemos as escolhas certas, mas o importante é refletir e continuar a caminhar, mesmo que seja para acumular expectativas


Uma jovem de olhar "frouxo", desperta o desejo de uma “sólida” carreira profissional quando opta pelo curso de Jornalismo. Em sua bagagem apenas: poesia, expectativa, ingenuidade e um tanto de propensão para os esforços, pois sem eles acredita que não ha conquistas.
Enquanto acompanha a multidão adentrar na universidade, sente-se privilegiada, afinal são poucos os que tem a possibilidade de se formar em uma faculdade – já dizia seu pai.
A princípio tem boas impressões de tudo que fora conhecendo: ambiente, colegas de classe, docentes e matérias a serem abordadas pelo curso. Claro, isso nos primeiros dias.
Passa-se um ano e a universitária ainda tem uma sensação que pode ser considerada boa, projeto feito, boas orientações, e amizades duradouras se concretizando, sua poesia continua a ajudar.
No segundo ano “pequenos grandes” passos dados : outro projeto concretizado com sucesso, sim, ela sempre soube trabalhar em equipe mesmo quando a equipe na verdade é uma dupla, sua “flexibilidade” a levaria além. Acumulando expectativas para o próximo ano.
Nos primeiros dias do terceiro ano de faculdade, o olhar frouxo continua com sua utopia, mas foi por pouco tempo. Assim que começa a entender as regras do jogo, a sua ingenuidade já não era mais a mesma. Ela tenta se equilibrar nas padronizações imposta por todos os lados, mas esse dom ela nunca teve.
Ela não tem mais intimidade com as palavras. Para quem sempre leu Paulo Leminski, Casimiro de Abreu, Clarice Lispector, Sylvia Plath, Roberto Freire, e gosta de música de Arnaldo Antunes, Chico Buarque e tantos outros, não é uma coisa tão fácil trabalhar com noticiários e dados concretos, sua vida é muito mais abstrata!
Para ela já não há mais o que comemorar, as boas sensações foram embora. Então ela pára e pensa, - “escolhas erradas acontecem, já cheguei até aqui, não há como parar, o caminho vai seguir e eu tenho que continuar”.
Da bagagem da garota pouca coisa sobrou apenas sua poesia, e o esforço que considera a grande superação para terminar.
- “Assim que acabar verei o que faço”- pensa ela, tentando acumular expectativas para outros anos.

Um comentário:

webjorsuperacao disse...

:: Nossa!, como uma pessoa que lê coisas tão boas ainda está em dúvida!? Para ficar em dois brasileiros ►Leminsky, Lispector◄, diria que vc já leu o necessário —mas nunca o suficiente— para provocar seus neurônios! Essa inquietude é de quem já é jornalista!
Vai fundo guria!
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